Sobre o tempo

entre o mim e o calendário

há um verbo que voa

há vários

o relógio me fita

enquanto a máquina de escrever

gasta a fita vermelha

na folha velha

e eu só quero que chegue:

a paz não sei de onde

a hora do almoço

o sono

a sagrada família num jegue

a moto e o moço da pizza

aí eu me farto

e desafio as cruzadas do jornal diário

empreendo a jihad

Contra a lacuna

na terceira linha, segunda coluna

eu torço pra que anoiteça

olho para o relógio e rogo

que venha a sexta

que o sono logo me leve

enquanto não vem a feira

enquanto não vem a segunda

a primeira semana do mês e o dinheiro

enquanto a ampulheta trapaceira

não traz o fim

que eu não canso de clamar

involuntário

3 comentários:

Refúgio disse...

Ricardo meu camarada, também gostei muito das suas coisas. Você não quer mandar umas coisas pra gente publicar na Revista de Autofagia? Quanto ao disco, está disponível no site, pode baixar à vontade, inclusive o encarte:
www.makelyka.com.br
Forte abraço

Papillon disse...

eu_phoria que desatina
eu faria muita poesia
dos lidos aos escondidos
e das palavras que chegam a mim com rima e nostalgia

gilson figueiredo disse...

lindo demais..........